Existe nessa vila, próxima ao lugar no qual todos esperam
encontrar o final do arco-íris, o menor poço de desejos do mundo. Ele é tão
pequeno que é possível fazer apenas um
pedido, apenas uma pessoa, até o dia em que a moeda se dissolver na água. Só
então o próximo pedido funcionará.
Dizem que o último pedido foi feito pouco tempo depois que
inventaram a primeira moeda e o primeiro poço. Pois não existe poço sem moeda,
e não existe desejos sem poços. Conta o ancião que o primeiro pedido, foi
também o último, sobre o suas intenções, alguns dizem que foi encontrar um amor
verdadeiro, outros que foi a ressureição do Cristo. O que não deixa de ser a mesma
coisa, em algum nível e de alguma forma.
O imbróglio é que a primeira e última moeda estava prestes a
se dissolver e, os poucos que sabiam da existência e da localidade de tal poço
ansiavam por desejos mais modernos, como a vida eterna ou o iPad mais novo todo
ano.
No exato dia em que ela se dissolveu, houve muita briga e
discussão na região, todos tentaram arremessar sua moeda ao mesmo tempo e
nenhum dos pedidos foi realizado.
Sentido-se enganados pelo velho ancião, os pedintes foram indaga-lo
sobre tal farsa. O encontraram em sua casa
com os olhos tão brilhantes que nem lhes dava bola.
_Ei velho, pedi a vida eterna e nada me aconteceu, você me enganou! – Disse um
dos revoltosos
_ ...
_ Responda velho! O que tenho de fazer?
_ ...
_ Ora seu...
_ De que adianta a vida eterna se não tem nem paciência?
_ ...
_ E digo mais, acho que me confundi quando contava a história, só pedi pelo meu
amor verdadeiro hoje, e não dá última vez como havia dito. Então me deem licença,
obrigado.
_ ...
E assim se foram os pedintes revoltosos, estupefatos.